Acusados de homicídio de cacique no MS serão julgados em São Paulo

SÃO PAULO - Oito anos depois, um crime de repercussão internacional é avaliado pela Justiça brasileira. Está marcado para as 11h de segunda-feira, em São Paulo, o início do julgamento dos três acusados de assassinarem o líder indígena Marcos Veron, morto por espancamento em 2003, no Mato Grosso do Sul. O crime foi motivado por disputa de terras.

Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde são réus na acusação de seis tentativas de homicídio qualificado. Santos, também na de homicídio consumado, com motivo torpe e meio cruel. Os três ainda respondem por tortura, sequestro e formação de quadrilha. Nivaldo Alves Oliveira está foragido. Mais 24 pessoas foram denunciadas por envolvimento no homicídio.
Disputa de terras motivou o crime em 2003


O cacique guarani-kaiowá foi espancado entre 12 e 13 de janeiro de 2003, no município de Juti, na região de Dourados, uma espécie de faroeste sul-mato-grossense. Temendo a falta de isenção do júri local, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou a transferência do caso para a capital paulista.

A Procuradoria da República no Mato Grosso do Sul informa que, pela primeira vez, serão julgados os acusados de um homicídio de um indígena ocorrido no Estado. E acrescenta que, na ocasião do assassinato do líder, mais de 30 homens armados foram contratados para expulsar da Fazenda Brasília do Sul os kaiowá acampados. Também detalha os relatos: - Um veículo dos indígenas com duas mulheres, um rapaz de 14 anos e três crianças de 6, 7 e 11 anos foi perseguido por 8 km, sob tiros. Na madrugada do dia 13, os agressores atacaram o acampamento a tiros. Sete índios foram sequestrados, amarrados na carroceria de uma camionete e levados para local distante da fazenda, onde passaram por sessão de tortura. Um dos filhos de Veron, Ládio, quase foi queimado vivo. A filha dele, Geisabel, grávida de sete meses, foi arrastada pelos cabelos e espancada. Marcos Veron, à época com 73 anos, foi agredido com socos, pontapés e coronhadas de espingarda na cabeça. Ele morreu por traumatismo craniano.

O MPF aponta que o proprietário da fazenda, Jacinto Honório da Silva Filho, amparado por "poder econômico e influência social", negociou a mudança de depoimento de dois indígenas, que acabaram inocentando seguranças na nova versão. Manifestações de um juiz estadual, de deputados e da mídia sul-mato-grossense contra indígenas foram citadas pelo órgão para pleitear outro tribunal.
Fonte: JB

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